Sunday, August 13, 2006

Eu sei de beijos ... diz o Poeta


Sei de beijos mais nocturnos do que a terra
Animais submersos entre violentas árvores
vêm ao cimo das bocas convulsivos oleosos
Sei da grandeza fulgurante ondulada e eléctrica
das bocas ávidas e do sangue que vem do fundo
como um incêndio que floresce em lábios espumosos
Sei de uma estranha suavidade e de um pensativo ardor
que modula o beijo numa demora fascinada
Quem poderia dizer a glória fluida e ardentíssima
destes líquidos músculos que desembocam em estuários de espuma?
Sei de beijos como abelhas de sol e como uma agonia
de uma longa glória Conheço as matérias salgadas
e agridoces a argila a seiva o vinho
e o grés das axilas a lua negra do púbis
Conheço o sabor aceso e espesso do intacto
que imediato se entrega na violência silenciosa

© 1988,
António Ramos Rosa
From: O Livro da Ignorância
Publisher: Signo, Ponta Delgada (Açores), 1988
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I know of kisses more nocturnal than earth
Animals submerged among violent trees
rise shaking and oily to the tops of mouths
I know of the waving and electric flashing splendor
of ravenous mouths and blood risen from the depths
like a fire that flowers on foamy lips
I know of a strange softness and of a pensive ardor
that modulates the kiss in a lingering rapture
Who could express the fluid and fiery glory
of these liquid muscles emptying into estuaries of foam?
I know of kisses like bees of sun and like an agony
of a long glory I know the salty and bittersweet
substances clay sap wine
and the sandstone of armpits the black moon of the pubis
I know the thick and ardent flavor of unbroken being
that suddenly surrenders in the silent violence

© 1988, António Ramos Rosa
From: O Livro da Ignorância
Publisher: Signo, Ponta Delgada (Açores), 1988
© Translation: 1991,
Richard Zenith

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