Romantismos...
Os Amantes sem Dinheiro
Tinham o rosto aberto a quem passava.
Tinham lendas e mitos
e frio no coração.
Tinham jardins onde a lua passeava
de mãos dadas com a água
d um anjo de pedra por irmão.
Tinham como toda a gente
o milagre de cada dia
escorrendo pelos telhados,
e olhos de oiro
onde ardiam
os sonhos mais tresmalhados.
Tinham fome e sede como os bichos,
e silêncio
à roda dos seus passos.
Mas a cada gesto que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrado penetrava nos espaços.
Eugénio de Andrade
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Penniless Lovers
They had faces open to whoever passed.
They had legends and myths
and a chill in the heart.
They had gardens where the moon strolled
hand in hand with the water.
They had an angel of stone for a brother.
They had like everyone
the miracle of every day
dripping from the roofs;
and golden eyes
glowing with a wilderness of dreams.
They were hungry and thirsty like animals,
and there was silence
around their steps.
But at every gesture they made,
a bird was born from their fingers
and, dazzled, vanished into space.
Eugénio de Andrade
(© 1985, Alexis Levitin - translation)
Eu podia gostar muito deste poema,se não fôsse pelo seu último verso um tanto ao quanto,esse sim,"tresmalhado".No entanto,basta o sentido de uma qualquer intenção das que aqui se revelam para que tudo o resto ignore o seu fim.
Rosentau said... 1:47 am
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